quarta-feira, 31 de julho de 2013

Onde é melhor nascer no Brasil?

Claro que não pretendo dar uma resposta objetiva para a pergunta do título, apenas cruzei os dados do IDH e Gini por estado. Entendo que é melhor nascer na melhor combinação possível de IDH alto e Gini baixo, para que aumente sua probabilidade de aproveitar o IDH (assim fica fácil justificar porque é melhor nascer em Santa Catarina do que no Distrito Federal, assumindo que você não há como escolher vir ao mundo como filho de servidor público federal):


segunda-feira, 29 de julho de 2013

Os IDHs do Brasil

Ontem saiu, depois de muita espera, o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, trabalho conjunto colossal da PNUD, Fundação João Pinheiro e IPEA. Os dados mais recentes são baseados no censo de 2010 e abertos para 5.565 municípios, devem ser fonte riquíssima para pesquisadores e a turma de visualização de dados (o Estado já montou alguns mapas bacanas: 1, 2, 3, 4). A este humilde diletante, com poucos recursos e pouco tempo livre, coube montar a tabelinha abaixo, comparando os IDHs dos estados brasileiros com o de alguns países (dados também de 2010). O Brasil é algo entre Botswana e Eslovênia, muito diverso e desigual, como era de se imaginar (entre os municípios, vamos de Uganda - comparável a Melgaço-PA, último do ranking a Espanha - comparável a São Caetano do Sul-SP, na outra ponta):


Foto do ano (até agora)



Roubei do Mauricio Santoro, que postou com o seguinte comentário:

O Rio de Janeiro está uma mistura surrealista de Noviça Rebelde, Os Sonhadores e Tropa de Elite". Observação genial do Pedro Roquete. Eu diria que há também toques de Federico Fellini, e da constatação de Oswald de Andrade: "Nunca fomos catequizados. Fizemos foi carnaval.

Um amigo que mora em Madri e cuja opinião respeito bastante achou a história toda uma "bobajada nacionalista, machista e intelectualóide", accrescentando:

Na JMJ em Madrid, uma foto parecida fez muito sucesso e causou frisson na imprensa, facebook e CNBB local: tambem uma moca bonita, sem camisa, sò de sutia. E era peregrina, a "safada". E aqui nao tem Carnaval, nem Oswald, nem Febeapa...

Concordo em parte com esta opinião, mas não encontrei o peso sexista, achei a foto muito divertida e sensível... O que acham?

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Uma piada e um estudo sobre sorte & carreira

A piada velha é a seguinte (estou transcrevendo de orelha e sou péssimo para contar piadas, portanto não estranhem se não acharem graça nenhuma): um chefe abriu uma vaga, e recebeu 500 candidaturas. Seu assistente chegou com a pilha de currículos impressos. O chefe olhou para a pilha, separou meia dúzia aleatoriamente e mandou jogar os outros no lixo, respondendo ao assistente, que não estava entendendo o método: "não preciso de gente sem sorte aqui". Corta para o mundo real, estudo citado nesse ótimo post do Free Exchange:

in which they applied for 3,000 clerical, administrative, sales and customer-service jobs advertised online by submitting 12,000 fictitious cvs. The submissions were designed so that applicants with similar backgrounds, education and experience went for the same job. The only difference was how long the applicant had been jobless, a period that ranged from no time at all to as much as 36 months…They found that the odds of an applicant being called back by an employer declined steadily as the duration of unemployment rose, from 7.4% after one month without work down to 4-5% at the eight-month mark, where the call-back rate stabilised. 
The design and results of the experiment excluded three common explanations for why the long-term unemployed stay that way; that employers spot some qualitative flaw in the applicant’s resume; that the unemployed themselves search less energetically as unemployment lengthens; or that employers equate lengthening unemployment with atrophying skills:
These results strongly suggest that long-term unemployment is at least partly self-fulfilling. Like patrons who avoid restaurants purely because they are empty, employers were reluctant to hire someone other employers didn’t want. 
If their inference is correct, the implication is troubling: someone who ends up unemployed through bad luck, and for some idiosyncratic reason doesn’t quickly land a job, finds his chances of reemployment diminish until he’s part of the long-term unemployed.

Já fui grande fã de meritocracia (ao ponto babaca de ter, por um tempo, parado de desejar "boa sorte" aos amigos que iam fazer alguma prova, entrevista de emprego ou similar), por achar que, ao longo da vida e da carreira, de fato os melhores acabavam se destacando. Com o tempo, tanto por ler quanto por observar ao meu redor, fui mudando de opinião, ao ponto que hoje acho que o tal "mérito" só passa a valer cumpridas uma série de condições que têm muito mais a ver com o puro acaso do que qualquer outro indicador. Por conta disso, acho que duas tarefas muito nobres para economistas e outros cientistas sociais são (i) nivelar as condições de partida, para que a trajetória de vida não dependa tanto do acaso que determina onde, de que cor, gênero, etc, uma pessoa nasce e (ii) mostrar como a sorte é preponderante em vários aspectos e corrigir processos (como o de busca por emprego) de forma que os azarados tenham mais chances. Os trabalhos citados no Free Exchange são muito interessantes nesta linha.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

A economia de Marina Silva

Elena apontou para uma entrevista de Marina Silva na última Exame, surpreendente para quem, como eu, achava que ela tinha pouca ideia do que fazer com a economia se fosse eleita. Talvez ela de fato não tenha, mas:

- Já juntou um time algo respeitável:

Marina tem em torno de si um grupo de economistas que vêm, desde a candidatura de 2010, ajudando a criar um plano para a anêmica economia brasileira. O capitão do time é Eduardo Giannetti da Fonseca, professor da escola de negócios Insper. Com ele estão Paulo Sandroni, da FGV, e Ricardo Abramovay, da USP. Mais recentemente, André Lara Resende, um dos formuladores do Plano Real, tem participado das discussões.

- Ao menos para fora, parece ter sido influenciada por uma visão ortodoxa que é bem distante do seu partido de origem (penso aqui no PT, não no PV):

A inflação está subindo. O topo da meta virou o centro. A preocupação, hoje, é não romper os 6,5%. O que está dando errado?  
Eu dizia, em 2010, que o atraso na política ia acabar nos levando a perder as conquistas alcançadas a duras penas nos 16 anos anteriores: a estabilidade econômica e a inclusão social. Quando tivemos a crise financeira em 2008, foram tomadas medidas corretas para o estímulo do consumo. Quando o país voltou a crescer, a partir do segundo semestre de 2009, o governo teria de ir puxando o freio do intervencionismo, como agora está sendo feito nos Estados Unidos. Como se fez uma ginástica para chegar a um crescimento de 7,5% em 2010 por razões eleitorais, o governo brasileiro continuou dando os mesmos incentivos quando já não era mais necessário. Isso nos levou a um problema. Atualmente, o próprio tripé da estabilidade econômica está sendo comprometido, sobretudo em relação à inflação. 
A senhora acha que a independência do Banco Central por lei ajudaria a consolidar nosso tripé macroeconômico? 
Não é necessária uma lei para dizer que não devo comer açúcar de manhã, à tarde e à noite para não me tornar diabética. Não precisa da institucionalização. Até porque já tivemos experiências no governo de Fernando Henrique e no de Lula em que havia essa autonomia. Mas controlar a inflação por meio da elevação de juros é apenas um dos instrumentos. O gasto público também precisa ser controlado. Como se cria uma cultura de controle do gasto público se a governabilidade é feita da distribuição indiscriminada de mais e mais pedaços do Estado? Se há 39 ministérios?

- Não perde a chance de chutar a Geni favorita dos últimos meses:

...E também as surpresas na hora de explorar, porque nem sempre o que se apresenta como possibilidade se transforma em realidade. Eike Batista que o diga.

Marina para mim ainda é uma esfinge, e talvez ela tenha só aproveitado o momento em que a política econômica atual está em baixa para defender algo diferente. Ainda assim, é interessante ver o rumo que a discussão de política econômica para a campanha do ano que vem está começando a tomar.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Leituras da Semana

- O Irã desvalorizou sua moeda, o rial, em mais de 50%. Pode se declarar vencedor da guerra cambial?

- Paper novo de Dani Rodrik, sobre ideias e interesses em economia política.

- Entrevista com Stephen King, do HSBC.

- Entrevista com Persio Arida no Estado.

- Esse artigo do Eike Batista no Valor merece ser lido.

- Um seminário bacana sobre reindustrialização, aqui em São Paulo.

- John Cassidy sobre os problemas com os lucros (recordes) dos bancos americanos.

- O mercado de apostas para o próximo presidente do Fed. Nassim Taleb paga 1000 para 1, para quem quiser apostar no cisne negro.

- A associação de João Gilberto e Daniel Dantas, isso sim é inovação financeira. Deveria virar caso de estudo para as escolas de negócios.

- A lista de livros de verão de Bill Gates.

- Tyler Cowen sobre o livro novo de Jon Elster.

- Onde estão os 34.492 Mc Donald's do mundo.

- O tamanho médio das dissertações em várias disciplinas.

- Galeria de fotos de escritórios de professores de Harvard.

- Claro que não há nada errado com um jogo de futebol que termina 79-0, né?

- Robert Galbraith, mas pode chamar de JK Rowling.

- Uma história animada da tipografia em cinco minutos.

- Um TED talk imperdível com Pico Iyer.

- Michel Laub sobre falácias na literatura.

- Um festival de jazz imperdível aqui no SESC Pompéia: McCoy Tyner, Lonnie Smith, Cassandra Wilson... O modelo de financiamento do SESC é detestável, mas, pqp, como fazem coisas bacanas...

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Câmbio, bolsa, etc...

Um estimado leitor me escreve dizendo que há tempos não aparecem por aqui posts sobre os mercados brasileiros, em especial bolsa e câmbio. Ele tem razão, claro. Parte da omissão é porque eu tenho estado tão errado que dá uma certa vergonha seguir opinando; parte porque, por estar tão errado, sinto-me meio perdido. De qualquer maneira, atendendo ao pedido e seguindo a recomendação (do Churchill, acho - não estou achando a fonte) de que um economista deve dizer o que vai acontecer e depois explicar porque não aconteceu, aí vão meus pitacos atualizados:

Primeiro, apesar da extrema má vontade dos mercados com o Brasil (em grande medida justificada, claro), a queda da bolsa e desvalorização da moeda não são exclusividade do país. Sim, o Ibovespa tem o pior desempenho entre os principais índices do mundo, mas essa diferenciação pode ser atribuída sobretudo à queda do império X e suas ramificações. As bolsas da América Latina (Chile, México, Peru) também estão mal em 2013, e quase todas as moedas do mundo estão perdendo valor contra o dólar americano. Minha principal mea culpa recente foi não ter levado a sério a possibilidade de uma chacoalhada nos mercados emergentes por conta da possibilidade de alta dos juros nos EUA e fortalecimento do dólar.




Dito isso, vamos às particularidades:

1. Bolsa - a preços atuais, o Ibovespa implica uma relação preço / lucros de 13x para 2013 e 9x para 2013. Esses mesmos múltiplos para o S&P500 são 15x e 13x. O desconto é compatível com o padrão histórico e, creio, com a dependência de commodities do índice brasileiro. As incógnitas aqui são: i) se há alguma possibilidade dos lucros surpreenderem positivamente; ii) o destino do grupo X; iii) (e talvez mais importante) se o ciclo de commodities de fato virou. Sem parar para analisar cada um desses pontos, acho que muito pessimismo já está incorporado, mas achava o mesmo quando o índice operava a 53 mil pontos.

Na prática, se fosse pra dar algum trade idea, recomendaria, para o curto prazo, comprar contra algum outro índice (México, por exemplo). Para a minha poupança, esperaria, sem pressa, por uma nova crise. Nada está tão ruim que não possa piorar muito: a Petrobras segue perdendo dinheiro vendendo gasolina e com um caminhão de dívida para pagar, sem saber bem o que vai ser do pré-sal; o minério de ferro ainda vale muito mais do que o padrão histórico, etc...

2. Câmbio - nove entre dez economistas que conheço acham que, no médio / longo prazo, o câmbio vai ter que seguir se desvalorizando para compensar a deterioração das contas externas. Mais do que isso, acho que ajustar o câmbio é condição necessária para devolver alguma competitividade ao país (lembrando que, se o câmbio terminar o ano no nível atual, a depreciação terá pagado pouco mais do que o diferencial de inflação e quase o mesmo que o diferencial de juros - é preciso mais para que o câmbio real efetivamente mude de patamar).

O que complica a análise aqui é o papel das reservas e o comportamento do banco central. Não há precedente na história do país de um estoque de reservas internacionais do tamanho atual, e não dá para saber (pelo menos não consigo ter uma opinião firme) se quando o BC começar a entregar reservas para o mercado isso vai atenuar a depreciação ou atiçar um ataque especulativo. Também não tenho ideia de quanto do (enorme) passivo externo vai ser chamado de volta em caso de crise mais aguda. Tudo isso considerado, acho que o real segue se enfraquecendo nos próximos anos, e tenho recomendado a todo mundo que me pergunta manter uma boa reserva de dólares. Foi bom enquanto durou, mas durante a história do Brasil moeda forte foi exceção, não regra. Como diz o Teco, chora Mickey, viva Axé Moi.

Bom, é isso... opiniões minhas, não de onde trabalho, etc... Com elas e mais três reais, ganha-se uma viagem de ônibus dentro de São Paulo.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Gráfico do Dia - precisamos falar sobre as universidades públicas...

Gráfico que ilustra o artigo de Gustavo Ioschpe na famigerada Veja com a capa do congresso-alienígena. Fala por si só, e serve como ilustração das microaberrações do gasto público por aqui.




quinta-feira, 11 de julho de 2013

Arte

Marc Johns:


quarta-feira, 10 de julho de 2013

Um debate importante

Intelectual público é pra isso: na última sexta-feira, André Lara Resende publicou, no Valor, esse "O mal-estar contemporâneo", onde tenta achar um fio que une o povo nas ruas aos problemas econômicos do país (na minha modesta opinião, vai melhor na descrição da conjuntura do que na tentativa de ligá-la a um tema de fundo maior, do consumismo e esgotamento de recursos do planeta). Samuel Pessôa explicitou suas divergências, bem como o cientista político Fábio Wanderley Reis. Fernando Dantas fez um bom resumo da polêmica e colocou algumas opiniões suas. Mansueto Almeida comentou a discordância Lara Resende x Pessôa e rebateu, com números, a tese do "estado cujo principal objetivo é financiar a si mesmo".

Na FLIP, no final de semana, Lara Resende participou de um debate com Marcos Nobre (esta é a primeira de cinco partes, o YouTube tem os links para as demais):


Como disse o Fernando Dantas, "pelo menos para uma boa coisa serviram as manifestações de rua que tomaram conta do Brasil em junho: estimular o debate." De fato, há muito tempo eu não via tanta gente interessante vindo a público para tentar buscar diagnósticos e saídas para o país. Seria ótimo se esse clima se estendesse até o ano das eleições e se alguém mais identificado com o governo entrasse na roda.

O link (literal) perdido dessa história, até agora, é o texto de Marcos Lisboa e Zeina Latif que alguns mencionaram. Parece que circulou para comentários e deve aparecer em breve; se alguém tiver uma versão preliminar, agradeço se puder indicar nos comentários.

Update (12/julho): apareceu o tal texto.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

As consequências econômicas do sr. Batista

O crepúsculo do macho
Ao que parece, o mercado está acelerando a precificação de um calote das empresas do grupo EBX (já há relatórios com preço-alvo de R$0.10 para as ações da OGX - aparentemente eu estava muito errado). Abaixo uma lista, sem a menor pretensão de ser exaustiva, das consequências disso para os mercados e a economia (usem os comentários pra lembrar do que esqueci ou omiti).

1. Ibovespa - é a vítima mais direta, com sua metodologia de cálculo por "negociabilidade" que faz com que a OGX (valor de mercado atual: R$1.5 bilhões) até poucos dias atrás tivesse peso maior do que a Ambev (valor de mercado: R$255 bilhões) - já tinha observado isso aqui. Entre os rebalanceamentos trimestrais, ações que caem muito de preço vão perdendo peso, mas este é recuperado caso o papel continue com giro alto. A Bovespa excluiria papeis de empresas que entrassem em falência ou recuperação judicial, mas, antes disso, não sei o que seria necessário para que considerassem as empresas "X" como caso especial. A situação atual já é bizarra o bastante, e pode piorar se, por algum motivo, os preços de OGX se recuperarem e o peso dos papeis no índice aumentar (porém, nada que não tenha acontecido no passado com os recibos de Telebras, por exemplo).

A convicção do mercado na derrocada do império X é enorme. 35% do free float de OGXP3 está alugado. As taxas anualizadas para aluguel de OGXP3, CCXC3 e MMXM3 estão em, respectivamente, 60%, 52% e 31%. Aqui, creio, o perigo está na ponta oposta, para os cotistas de fundos long/short e equity hedge que estão vendidos a descoberto nesses papeis. Uma notícia de aquisição ou reestruturação bem vista pelo mercado pode catalisar um grande short squeeze. Não parece ser o cenário-base de ninguém, de qualquer maneira.

2. Petrobras - o fracasso da operação da OGX faz com que o mercado aumente a probabilidade de que tal fracasso se repita na exploração da Petrobras. Acredito também que haja algum temor de intervenção estatal que faça a Petrobras adquirir a OGX e comprometer ainda mais seu balanço. PETR4 fechou ontem no menor nível desde 2005, quando o barril de petróleo custava pouco mais de US$60 e a produção diária era quase 20% menor. Por outro lado, desde então a dívida total da companhia quase dobrou - é esse o tamanho da aposta no pré-sal.

3. Bancos - o BofA/ML calculou a exposição de alguns bancos à dívida das companhias. A tabela abaixo é do relatório (clique para aumentar):


Os analistas fazem questão de deixar claro que esses números são parciais, já que não incluem a dívida da holding (EBX). Eles reconhecem que os cálculos de jornais, que colocam a exposição em até R$5 bilhões nos grandes bancos, podem estar corretos (mais na Bloomberg).

Não é surpresa verificar que a maior exposição está nos bancos estatais, que tanto têm se esforçado para criar "campeões nacionais", com critérios esquisitos. Aqui começa o risco de contágio para as contas públicas, que talvez já esteja afetando o mercado de juros locais.

4. Crédito - aqui é difícil separar o impacto dos problemas no grupo X com a deterioração geral da percepção do Brasil nos mercados. Abaixo, só para ilustrar, o descolamento dos prêmios dos CDS de 5 anos de Brasil e México, que em novembro do ano passado andavam no mesmo patamar.


5. Fluxos estrangeiros, investimentos, crescimento - já escrevi aqui que o grupo EBX era o arquétipo do Brasil de alguns anos atrás, a aposta mais alavancada no capitalismo de estado (ou de compadrio) baseado na exploração de commodities. Esse modelo está ruindo espetacularmente, e, julgando pelo desempenho da economia no último par de anos, não apareceu nenhum outro para substituí-lo.

Se confirmada a derrocada do império de Eike e os credores ficarem em má situação (quer dizer, pior do que já estão), aumenta o risco de uma parada súbita de financiamento para o país e as perspectivas de crescimento ficam ainda piores. O modelo dos últimos anos só vai ser enterrado definitivamente com uma desvalorização ainda mais aguda do câmbio e o reconhecimento, na dívida líquida, do custo fiscal do financiamento equivocado das "campeãs nacionais". Achei que isso pudesse ser adiado para depois das eleições do ano que vem; aparentemente o mercado está naqueles momentos de apressar o encontro com a realidade.

6. Ontem a Lúcia Guimarães lançou, no Twitter, a seguinte provocação:
Acho que não há muitos inocentes aqui (a não ser, talvez, os minoritários, que se deixaram levar pelo hype). A ANP sabia da dificuldade da operação, e deveria ter endurecido os critérios para concessão das áreas de exploração. Os banqueiros sabiam que estavam vendendo um investimento de risco precificado como uma cash cow - e o mercado pagou, na época sorridente, por esse preço. A mídia amplificou o barulho, na sede de achar um ícone para a "história de sucesso" do país. O tempo da euforia acabou, agora é vez de exercitarmos novamente o ceticismo. A maioria acreditou no grupo X porque quis, isso faz parte da natureza humana. Sair caçando bruxas pode ser necessário, mas não vai levar a alguma grande conclusão. Os tempos criam ilusões e ilusionistas; se não fosse Eike, seria outro, acredito. Hora de virar a página e ver o que dá pra fazer com o que sobrou.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Google Reader is dead, long live Feedly

Ontem foi o último dia do Google Reader, que tantos serviços prestou a blogueiros e leitores de blogs deste mundo. Troquei-o pelo Feedly, que já era bom no começo e foi melhorando, tornando a migração muito fácil e armazenando os feeds na nuvem. Tinha testado o Old Reader, que demorou uma eternidade para importar e, aparentemente, não aguentou o novo tráfego.

Alguma aposta que, daqui a alguns anos, a Google compra o Feedly?