quarta-feira, 23 de maio de 2012

Real, rial e os vencedores da guerra (pírrica) cambial (maldita rima)

Essas são as variações de um monte de moedas contra o dólar americano neste ano, até o fechamento de ontem:

O real foi a moeda que mais se desvalorizou na amostra, mais até que o rial do Irã, que apanhou muito no início do ano com ameaças de sanções financeiras. Não vou elaborar muitas teorias aqui, o fato é que algum constrangimento deve impedir o ministro Guido Mantega de declarar vitória na "guerra cambial". Talvez porque o enfraquecimento do real seja um sintoma da grande fraqueza da economia brasileira neste ponto, que o governo não quer admitir. Mais no post anterior.

P.S. Alguma explicação para o bom comportamento da lira turca? O caso parece ainda mais frágil do que o brasileiro (talvez estivesse melhor precificado).

6 comentários:

HedgetheEdge disse...

A moeda do Chile é praticamente o cobre, certo ?
Será q o minério de ferro está, ceteris paribus, puxando BRL p/ baixo ?

Drunkeynesian disse...

Acho que o peso chileno perdeu bastante a correlação com o preço do cobre, ainda que seja a maior exportação. De qualquer maneira, o preço do cobre este ano está meio no 0x0.

Gosto da tese do minério de ferro, ajuda também a explicar a fraqueza recente do dólar australiano. O grande tema por trás é o hard landing da China, que, se ocorrer, provavelmente vai ter os 2 países entre os maiores prejudicados.

Renato Feltrin disse...

Opa, sou amador no assunto, mas arrisco-me a dar meu pitaco de advogado. Na análise deste post - em conjunto com o anterior -, não é o caso de a depreciação do BRL amenizar o efeito das contas externas? Salvo engano, foi assim em 2008, não?

Drunkeynesian disse...

Tem razão, Renato, tudo o mais mantido. O problema é que uma das possíveis causas da depreciação é a percepção de um possível choque de preços e quantidades nas exportações, o que pioraria as contas externas e depreciaria mais o câmbio. Se esse cenário não se concretizar e o mundo ficar mais ou menos como está, é de se esperar que o câmbio mais fraco ajude (nem que seja um pouco) pra diminuir o déficit.

Paulo Simões Diniz disse...

Provavelmente no ano passado o comportamento deve ter sido o inverso: os primeiros como últimos e os últimos como primeiros. Melhor que deixamos de ser o queridinho do mundo assim capitais voláteis e extremamente especulativos nos abandonam. Melhor contar com capital de qualidade, de modo comedido, trabalhando em função do aumento da produção doméstica.

Paulo Simões Diniz disse...

Este ano estamos vendendo menor quantidade de minério de ferro e a preços mais baixos. Contudo, a soja subiu de preço e as exportações aumentaram fortemente.