terça-feira, 23 de novembro de 2010

Tchau, Meirelles

Uma das melhores piadas do mercado financeiro é que você deve comprar profissionais argentinos pelo que eles valem e vendê-los pelo que eles acham que valem (se você achar esta ruim, não queira saber do nível médio das gracinhas do meio). Henrique Meirelles, nesse sentido, é um argentino: chegou para mostrar que  Lula tinha virado amiguinho do mercado financeiro, escapou por pouco de ser sacado no meio do caminho (Luiz Gonzaga Belluzzo chegou a ser convidado por Lula, em 2008, e recusou) e depois surfou no sucesso relativo do país. Virou "peça fundamental", "fiador da estabilidade" e outros títulos ridículos. Passou a ser referência entre banqueiros centrais, mesmo não podendo esconder que subiu os juros básicos praticamente na véspera da quebra da Lehman Brothers, quando a economia mundial estava na beira do abismo (isso diz bastante sobre a crise intelectual em que anda a classe). Mostrou-se um desastre em articulação política, tentando enfiar goela abaixo das raposas do PMDB uma candidatura ao governo de Goiás ou à vice-presidência. A não ser que seu substituto seja um desastre (bem, há o risco... dos quatro nomes que a imprensa andou citando, dois são banqueiros, um é ainda mais "argentino" que Meirelles e a opção que parece menos pior é um burocrata de carreira), não vai deixar muitas saudades. Novamente, se a imprensa estiver correta, vai ter uma grande oportunidade de mostrar serviço no Ministério dos Transportes. "O Banco Central não é a Santa Sé", disse Serra durante a campanha. Dilma está reconhecendo isso, e por enquanto não há nada que aponte que ela está errada.

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