segunda-feira, 10 de maio de 2010

Acabou a crise (NOT!)

Como era de se esperar, a Europa seguiu a mesma receita adotada por Japão, Reino Unido e Estados Unidos: resolveu ligar a impressora de dinheiro (com um pacote de quase US$ 1 trilhão) e ser feliz. Também como era de se esperar, os mercados reagiram: dinheiro compra ativos, e, com mais dinheiro na praça, é natural que ativos se valorizem, num primeiro momento. Enquanto escrevo, o euro ganha quase 2%; as ações na Europa (índice Euro Stoxx 50) sobem 9%; e as ações de bancos, em alguns casos, ganham mais de 20% -- estão salvos, por enquanto.

O que mudou no mundo de sexta-feira para hoje? A Europa não vai crescer mais por conta do pacote, os governos não vão gastar menos (pelo contrário! O incentivo é para continuar a lambança, já que alguém sempre vai jogar a bóia), as empresas não vão lucrar mais, os bancos continuam com balanços precários... Como no caso dos EUA, comprou-se tempo. O custo é perpetuar instituições (empresas e governos) ineficientes e enterrar qualquer tipo de iniciativa inovadora e/ou corajosa. Novamente, as gerações que ainda não têm poder terão que pagar (ou repudiar) uma dívida monstruosa, para que seus antecessores continuem vivendo acima de suas posses.

Muitos amigos me procuraram nos últimos dias para saber o que fazer com suas aplicações (coitados...). Respostas diretas: aproveitem a euforia (que pode durar um dia, uma semana ou um mês) para reduzir o risco de suas aplicações. Venda ações. Se quiser manter ações, escolha companhias pagadoras de dividendo, com alta previsibilidade de fluxo de caixa e baixo endividamento. Compre títulos do governo, aproveite o escândalo que são os juros no Brasil. Livre-se de qualquer ativo em euro, não dá para saber o que vai acontecer com a moeda única na próxima piora. Adiante seus gastos em dólares do próximo ano (pelo menos). E tenha paciência. Novamente, o mercado pode se tornar eufórico por um tempo, mas os fundamentos seguem deprimentes. O estoque de dívida no mundo continua colossal, enquanto não for destruído (por inflação ou calote), vai ser difícil ficar otimista.

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