segunda-feira, 5 de abril de 2010

O estado da pesquisa acadêmica sobre política monetária

Um capítulo sobre política monetária (escrito por dois pesquisadores de Harvard) de um novo manual de economia monetária , publicado como paper pelo NBER, começa dizendo que qualquer texto sobre o assunto escrito antes de 2008 teria concluído que (tradução livre minha):

1) Política monetária é melhor quando deixada para bancos centrais independentes, longe de políticos e do tesouro;

2) Bancos centrais devem seguir uma meta de inflação (explícita ou implícita);

3) A combinação de bancos centrais independentes e política de metas de inflação levou à "grande moderação" e à solução para o problema da inflação;

4) Políticos muitas vezes usam os bancos centrais como bodes expiatórios, mas, na prática, tiveram pouco espaço para influenciar os rumos da política monetária (nos países da OECD);

5) A experiência do Euro foi, no geral, positiva, mas ainda não passou por um teste num período de recessão.

O confronto da literatura que levou a esse consenso teórico com a realidade da crise de 2007-2009 levou à seguinte conclusão:

"... o capítulo levantou mais questões do que forneceu respostas. É razoável dizer que na época em que isto foi escrito nós ainda não havíamos digerido as implicações da crise para a condução da política monetária e suas instituições. Provavelmente o próximo manual de economia monetária em uma década trará todas as soluções. Agora que esclarecemos alguma das questões, precisamos começar a procurar respostas."

Se essa conclusão parece desanimadora, pelo menos dá o primeiro passo na direção da resolução de um problema: a consciência de que ele existe.

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