quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A festa das isenções continua

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O Gian escreveu no comentário do post de ontem que concorda com o Friedman. Eu adoraria concordar também, sobretudo com a noção de que os governos, no geral, gastam muito e mal. O problema é que, no caso do Brasil hoje, as isenções de impostos muito provavelmente não serão acompanhadas por um corte correspondente nos gastos. E a operação acaba sendo uma transferência: de toda a base de contribuintes para quem compra móveis / carros / material de construção / etc. e seus respectivos produtores. Não vejo como isso pode ser bom (numa visão um pouco mais que imediatista) ou prioritário para um país que se financia a mais de 6% de juro real e só este ano conseguiu prover saneamento básico para metade dos domicílios.

3 comentários:

Gian disse...

De fato a aposta é menos de curto prazo do que parece. Apesar de toda a irracionalidade econômica de se deixar de arrecadar e financiar a dívida pública com taxa Selic, sou pela redução pelo efeito educativo que isso pode ter sobre o contribuinte. Da próxima vez que se falar de aumento, ele sempre poderá se lembrar de que, para o governo, isso não era tão importante assim faz pouco, tanto que deu isenção aos industriais que choraram mais.
Mas há outro fator a ser considerado também. A queda de arrecadação não é na proporção direta da taxa retirada, algumas vezes até ocorre o contrário, pelo aumento da atividade econômica, como você sabe muito melhor do que eu.
Minha tese é de que o multiplicador do capital na mão da iniciativa privada é maior do que o do governo federal, logicamente a chance de eu estar errado é assustadoramente grande, mas, como o governo Lula costuma errar ainda mais do que eu, quando eles vão na contra-mão do que faziam até o início da crise, têm uma possibilidade maior de acertarem dessa vez.
E apenas para marcar posição, sou contrário à escolha, por parte de governos, de setores para ser beneficiados, como é o caso aqui. A escolha dos "vencedores" costuma ser apenas a escolha dos amigos do rei. Mas como dizia Mario Lago, na voz de Amélia: o que se há de fazer.

Drunkeynesian disse...

Gian, confesso que eu não estou a par sobre os estudos que tentam calcular esse multiplicador. Reconheço que, na teoria, faz bastante sentido - mas, na prática, é muito mais fácil ceder com as isenções do que recuperar isso na forma de impostos. De qualquer maneira, acho que estamos do mesmo lado na raiz da questão - o governo gasta muito, e mal.

Gian disse...

sim, acho que no essencial concordamos.