segunda-feira, 22 de junho de 2009

Uma mini-bolha desinflando?


Enquanto escrevo, a bolsa americana vai terminando de devolver os ganhos do mês até agora, operando perto dos 900 pontos no índice S&P500. Acho que é grande a probabilidade de a máxima do ano já ter ficado para trás, já que a situação da economia ainda é bastante frágil e as empresas provavelmente não entregarão os lucros precificados nos atuais níveis -- sem contar que o múltiplo preço / lucro (quantos anos de lucro uma empresa leva para cobrir o preço da ação) encontra-se em níveis de exuberância, nada condizentes com a figura desanimadora de meses atrás (o gráfico é do Fed de Saint Louis, via Zero Hedge).

Não dá para acreditar numa recuperação sustentada dos EUA porque eles continuam usando os mesmos métodos de combate à crise usados nos últimos 20 anos: a solução para qualquer problema econômico é baixar os juros e imprimir dinheiro até o ponto em que aplicar em renda fixa deixe de ser atrativo e o dinheiro migre para outros ativos mais arriscados -- geralmente ações e imóveis. Enquanto essas bolhas estão inflando, os preços sobem e todos desfrutam de uma sensação de prosperidade; depois do estouro, ficam evidentes os problemas estruturais da economia, cada vez maiores e mais numerosos. Obama poderia ter usado a grande crise financeira que acontecia enquanto assumia para dar fim a essa era, mas preferiu varrer tudo para baixo do tapete, sem sequer trocar o perfil das pessoas que tocam o Tesouro, o Fed, a SEC... Pelo visto, vai ser necessária outra grande crise para que a opinião pública se convença e pressione os políticos para a execução de uma reforma que deixe os incompetentes quebrarem, os fraudadores serem presos e seja capaz de incentivar o verdadeiro espírito capitalista que fez a grandeza econômica daquele país. Enquanto isso não acontecer, podemos nos acostumar com mais uma rodada de fragilidade e incerteza.

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