sexta-feira, 25 de julho de 2008

A incrível empresa que encolheu

A Petrobras, ação de maior peso no Ibovespa, perdeu mais de 34% do seu valor desde sua máxima neste ano (só em junho, a queda foi de cerca de 25%). Parte desta queda pode ser explicada pelo arrefecimento nos preços do petróleo, mas a empresa também sofre por ter sido superestimada no passado. Por algumas das métricas usadas no mercado, a Petrobras era a petrolífera negociada em bolsa mais cara do mundo - em parte por conta de uma euforia generalizada com ações brasileiras após a promoção do país a grau de investimento, em parte por conta das seguidas descobertas de novas jazidas em alto mar (as más línguas diziam que a Petrobras tinha um estoque de descobertas na manga, que ia sendo usado sempre que a ação começava a cair).

A viabilidade da exploração de alguns novos poços da Petrobras depende inteiramente do preço do petróleo - sem entrar em detalhes técnicos (até porque eu não os conheço), furar um poço na areia custa muito menos do que desenvolver uma tecnologia capaz de trazer o óleo da famigerada "camada pré-sal". Por mais que o preço do barril de petróleo que viabiliza essa exploração seja consideravelmente mais baixo do que o praticado atualmente, a única resposta de alguma honestidade intelectual para a pergunta "quanto vai estar o petróleo daqui a cinco anos?" é um sonoro "não faço a menor idéia". Ao invés disso, o mercado parecia precificar que o preço do óleo só possuia uma direção possível - para cima, e com força. Com esse preço invertendo a tendência, pelo menos no curto prazo, essa certeza está abalada - não vai demorar muito para surgirem novos profetas dizendo que o petróleo terminará a decada a US$ 50.

Identificar esses extremos de euforia e depressão é uma difícil arte, pela qual os gestores de recursos, em tese, são (bem) pagos. De graça, posso dar o meu palpite aleatório: a Petrobras agora reflete um momento de depressão.

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