quarta-feira, 16 de julho de 2008

Dias estranhos

Hoje o sub-índice de empresas financeiras do S&P 500 teve sua maior alta desde 1989. Os bancos americanos têm sido dizimados no mercado, como podemos observar na coluna da direita da tabela que acompanha este texto (a outra coluna é a variação do preço da ação NO DIA - sim, quase todos os principais bancos tiveram altas de mais de 10%). Iniciada pelos problemas com as hipotecas subprime, a crise atual ainda não parece ter um fim claro, mas algumas hipóteses podem ser levantadas sobre o futuro:

-- A crise está perto de um fim, que talvez seja marcado, nos livros de história, pelo movimento de hoje. Finalmente os preços ultra-descontados dos bancos motivaram compradores a entrar no mercado. Se esse movimento continuar, pode ser um sinal de que o pior em termos de problemas de liquidez e capital ficou para trás, e passaremos a ver uma recuperação do sistema financeiro do maior país do mundo.

-- Alguns bancos ainda terão problemas, mas o sistema financeiro americano continuará vivo. Nas últimas semanas, especulou-se muito sobre a possibilidade de mais alguns bancos (notadamente Wachovia e Lehman Brothers) terem que ser socorridos ou, caso contrário, decretarem falência. Embora esta possibilidade implique na continuação da crise por mais algum tempo, o desenrolar seria parecido com o do caso anterior - ou seja, o capitalismo, como o conhecemos, estaria "salvo".

-- A solução para o problema dos bancos americanos tem que passar pela estatização de boa parte do sistema financeiro. Isso marcaria o fim de uma era de baixa regulamentação, e deixaria no ar grandes incertezas sobre como o mercado financeiro passaria a operar com alguns de seus principais agentes controlados pelo governo. Em tese, bancos estatais seriam mais resistentes à inovações; mais conservadores nas concessões de crédito; e seriam sujeitos à opinião pública e aos tentáculos de políticos.
Como defensor da liberdade, este escriba torce fervorosamente por uma das primeiras possibilidades, mas reconhece que não apostaria muito em qualquer uma delas. Estamos testemunhando a história em tempo real e esta, como sabemos, não costuma se apegar à previsões.

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